sexta-feira, setembro 05, 2008

Balzac e a Costureirinha Chinesa



Você já leu? Comente.

Autor: Dai Sijie


Nunca se falou tanto da China como neste ano. E pudera? mas eu não tô aqui pra falar de olimpíadas, afinal melhor nem comentar... Vamos falar de Literatura e das boas! Acabei de dar o último suspiro com BALZAC E A COSTUREIRINHA CHINESA de Dai Sijie. Talvez vocês não participem da mesma opinião e isso é bom, assim poderemos discutí-lo. Mais tem uma coisa neste livro que o faz merecer certa atenção. Pra quem não domina o que foi a revolução cultural na China, este livro mostra o seu auge numa época em que as universidades foram fechadas, livros proibidos e os jovens "intelectuais" eram mandados para campos de "reeducação". E como se isso não bastasse, ele nos da uma lição de como a literatura pode mudar, salvar e da esperança a uma vida.


Patrícia Santos_Mega Recife


Diria que Daí Sijie soube mostrar com maestria em seu livro BALZAC E A COSTUREIRINHA CHINESA que mesmo diante das adversidades que a vida nos impõe, que a esperança é um sentimento que nunca devemos perder. A esperança de dias melhores, de um amor que nos faz cometer atos impensados, que por ele podemos sonhar e querer algo mais da vida. O amor se mostra como um ato de coragem, por um amor somos capazes de irmos além do que nos permitem, mesmo que seja à surdina, temendo o pior. O livro conta a história de dois jovens chineses que são mandados para um centro de “reeducação” e lá conhecem a mais bela de todas as moças da região, a tal costureirinha. Num período de repressão onde quase tudo era proibido, os dois jovens descobrem uma valise de couro repleta de livros “proibidos”, livros de Balzac, Dumas, Dostoievski, Baudelaire e tantos outros, nestes livros os jovens conhecem um mundo que não os pertence mas que pela força do pensamento se torna vivo. Decidem contar as histórias para uma bela camponesa que começa a sonhar com um mundo diferente do seu, é o poder da palavra, da literatura, das idéias que faz nascer pessoas diferentes seja para o bem ou para o mal.
O livro é poético e nos faz querer sempre mais, é uma história que não tem fim, que pena chega o momento de ler a última linha e ficamos com gostinho de “quero mais” aí cabe a nós, colocarmos nossa imaginação a pleno vapor para continuar essa bela história de sobrevivência. O que será que aconteceu com eles depois? Como a esperança e o amor são o que rege essa história, penso no melhor.
“... o primeiro dos quatro volumes de Jean-Cristophe. Como se trata da vida de um músico, e como também eu era capaz de tocar ao violino peças tais como Mozart pensa em Mao, desejei folheá-lo como quem flerta levianamente, tanto mais que havia sido traduzido por Fu Lei, o mesmo tradutor de Balzac. No entanto, assim que o abri, encantei-me. De costume preferia livros de contos que apresentam histórias bem amarradas, cheia de idéias brilhantes, às vezes engraçadas ou de tirar o fôlego; histórias que nos acompanham por toda a vida. Sempre desconfiei dos romances longos, com raras exceções. Mas Jean-Christophe, com aquele individualismo irredutível , sem nenhuma mesquinharia, foi uma revelação edificante. Sem ele, nunca teria conseguido compreender o esplendor e a amplitude do individualismo. Até aquele encontro roubado com Jean-Christophe, minha pobre cabeça educada e reeducada simplesmente ignorava que se pudesse lutar sozinho contra o mundo inteiro. O flerte se transformou em grande amor. Até mesmo a ênfase excessiva à qual o autor havia sucumbido não me parecia nociva à beleza da obra. Sentia-me literalmente devorado pelo fluxo poderoso de centenas de páginas. Para mim, era o livro sonhado: ao término da leitura, nem a maldita vida nem o maldito mundo poderiam ser como antes.” Nesse trecho Daí Sijie se refere a Romain Rolland escritor francês e sua obra Jean-Christophe.
Daí Sijie é um escritor chinês vindo de uma família de classe média e foi enviado a um campo de reeducação rural entre 1971 e 1974. Em 1984 ganhou uma bolsa de estudos na França. O livro é baseado em suas experiências no campo de trabalhos forçados.
Loyz_MegaRecife.

2 comentários:

Loyz disse...

No fim da década de 60, o líder chinês Mao Tse-Tung lança uma campanha que mudaria radicalmente a vida do país: a Revolução Cultural que, entre outras medidas drásticas, expurgou das bibliotecas obras consideradas como símbolo da decadência ocidental. Mas, mesmo sob a opressão do Exército Vermelho, uma outra revolução explode na vida de três adolescentes chineses quando, ao abrirem uma velha e empoeirada mala, eles têm as suas vidas invadidas por Balzac, Dumas, Flaubert, Baudelaire, Rousseau, Dostoievski, Dickens...
Balzac e a Costureirinha Chinesa é uma crônica da vida na China durante a revolução de 68. Um romance sobre a felicidade da descoberta da literatura, a liberdade adquirida através dos livros e a fome insaciável de ler numa época em que as universidades foram fechadas e os jovens intelectuais mandados ao campo para serem "reeducados por camponeses pobres". Entre os que tiveram de abandonar as cidades está o narrador de BALZAC E A COSTUREIRINHA CHINESA e seu melhor amigo, Luo. O destino deles é uma aldeia escondida no topo de uma montanha. A vida não é fácil para a dupla, mas com muita coragem, senso de humor, uma forte imaginação e a companhia da Costureirinha - a menina mais bela da região - o tempo vai passando. Até que descobrem a mala repleta de livros banidos pela Revolução Cultural. As obras, sobretudo Ursule Mirouët, de Balzac, desnudam aos adolescentes uma realidade que nunca haviam imaginado - é por intermédio do mundo novo além das fronteiras chinesas e dos grandes mestrres da literatura que o narrador, Luo e a Costureirinha compreendem que suas vidas pertencem a algo muito maior.

Fonte: Sinopse Saraiva.com

Patrícia disse...

O livro nos dá uma pequena noção do que se transformou a China em meio as loucuras de um líder obssecado em difundir as idéias do partido comunista. Não era interessante naquele momento que as pessoas pensassem e nem tão pouco discordassem.

Patrícia_MegaRecife